sexta-feira, 13 de junho de 2008

Fernando Pessoa, o poeta "multiplicado"

Há precisamente 120 anos nascia em Lisboa Fernando António Nogueira Pessoa, um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos e que marcou uma geração de artistas e poetas em Portugal.

Pedro Junceiro pjunceiro@destak.pt

Apelidado, por diversas vezes, de génio da escrita, Fernando Pessoa marcou a sua vida pela diferença, desde a sua juventude, que passou na África do Sul, até aos seus últimos dias em Portugal, na "companhia" dos seus heterónimos.

Umas vezes idealista, outras realista, ora amargo, ora alegre e bem-disposto, Fernando Pessoa exprimia nas letras tudo o que a alma lhe "falava".
Para melhor se exprimir, Pessoa criou heterónimos, versões do que seriam outros "Fernandos Pessoas", mas bastante diferentes, com personalidades completas e vincadas, evoluíndo e amadurecendo ao longo do tempo.

Álvaro de Campos, o engenheiro naval desiludido com a vida, Ricardo Reis, o médico monárquico que recusou a República, Alberto Caeiro, o camponês sem estudos, simplista e que recusava a metafísica e Bernardo Soares, o semi-heterónimo, na medida em que não diferia muito do escritor real, foram os heterónimos que Pessoa criou (e posteriormente, viria a "matar").

Entre as suas obras, destaque ainda para o livro Mensagem, no qual o autor relembra as glórias passadas de Portugal (em especial a época dos descobrimentos), avalia o estado da Nação e preconiza soluções para o futuro, profetizando até o surgimento do "Quinto Império".
Legado para a História

Fernando Pessoa começou como tradutor, dada a sua facilidade com a língua inglesa, mas foi também jornalista e um dos principais impulsionadores das revistas de poesia em Portugal, tendo ajudado a criar e a lançar a revista Águia (1912), que não durou muito tempo, mas o bastante para trabalhar as suas ideias.

As suas obras e legado foram influências para diversos outros artistas ao longo das últimas décadas, desde a escrita, por exemplo através de José Saramago, até à música, com os Moonspell a basearem-se no seu "Opiário" para uma das suas canções.
Viria a morrer em 30 de Novembro de 1935, na "companhia" dos seus heterónimos e sem ver reconhecida a grandeza que o tempo lhe viria a conceder.

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